
CAIXA DE SEGREDOS

O PASSEIO

VER E NÃO QUERER
DAS PALAVRAS QUE ME VÊS CONTAR

O MEDO

ENSAIO

FOTOGRAFIA DE GRUPO

NÃO ESTAMOS SÓS

OLHOS QUE GRITAM
NÃO SEI...

FIM DE TARDE

Deixou-se ficar adormecido nas memórias da despedida. Aniversários de um adeus lá tão longe que pouco mais do que os olhos molhados conseguía recordar. Tanto tempo. E nem mesmo o tempo lhe conseguira secar os olhos dela no seu peito, aquela água toda como chuva que escorre do céu. Naquele fim de tarde ela choveu, o céu dela desabou dilúvio. Ele afogou-se.
FADAS&BRUXAS

INTERVALOS

CEGUEIRA

Apercebe-se agora, lentamente, da sua redutora pequenez. Cegueira. Dos anos enrolados em preocupações de rigor, regras, leis e fundamentos sem noção artistica alguma. Da falta de poesia. Das horas paradas num silêncio pastoso em que não disse amo-te. Teve vontade mas não o disse. Da compostura hirta de não se zangar. De dormir a horas certas. De não lembrar dos sonhos nem dos pesadelos. De fechar os olhos ao Sol e fechá-los por ser tempo de Lua. E agora que está só a cegueira ilumina-a com tantos olhos que não tem tempo para guardar tudo.
CALAR OS OLHOS

DETALHES

LUZES DO SENTIR

CALEIDOSCÓPIO

MEU
Que uma coisa eu garanto:

AQUILO QUE VEJO É MEU
GRITOS MUDOS
INVERSOS

O inverso que se fotografa nos instantes em que se prende o olhar ao olhar de outrém deixa uma impressão a negativo que se revela rápido e por vezes tem a durabilidade de uma vida.
Já me cruzei com olhos por segundos e uma única vez, que ainda hoje recordo com a mesma intensidade e disparo do coração como no momento. São sensações de exclusividade, intimidade e grandeza que aporto para todo o sempre.
Falam os olhos milhões de palavras nesse frémito tão curto e avassalador...
São os inversos, o que não se procura argumento ou defesa do tanto que nos oferecem e do tanto que nos levam.
RASGAR JANELAS EM MIM

Todos os dias rasgo janelas às minhas manhãs. É como abrir o peito, a vontade, o braço empunhando os sentidos. Gosto de as escancarar, avistá-las de longe no dominio da paisagem ardente ao novo sol ou da chuva que veio lavar o mundo. Gosto de as observar nos detalhes, na coisa perdida como se não pertencesse ao enquadramento, achá-la simples por parecer que não faz falta, encontrar-lhe um antes e um depois.
Há sempre um antes das janelas abertas, da voz que se cala, dos olhos que se fecham à maldade, da violência da solidão.
Há sempre um depois das janelas abertas, o som do coração, a boca que pede palavras, o poema do poeta.
Todos os dias rasgo janelas. Só assim me posso querer, só assim posso acreditar.
SAL MQB

Para dentro de mim. Dos sonhos. Do que não consigo. Do que já vi e guardei também. Dos voos intermináveis sobre cordilheiras e escadarias em caracol. De amores que nunca conheci e dos que me arrebataram até os recordar até hoje. Das várias mortes, sustos, pulos, sobressaltos, lutas e vitórias. Tudo já defrontei. Tudo já vi. A cores, milhões de cores. Porque tenho sal nos sonhos.
EXIBIÇÃO

PRENDER
VONTADE DE TE VER

OLHAR PARA TRÁS

O QUE VEMOS (NÃO) SOMOS (?)
NA PONTA DO MEU SONHO

CHÁ DAS CINCO

A GRANDE VIAGEM
Deixara-se envelhecer como o amarelo das folhas muito passadas pela ponta dos dedos, o fato a crescer-lhe no definhar do empate corpóreo. Afinal só precisava de se rechear de tudo aquilo que os seus olhos pudessem aprender nas passagens demoradas pelos desertos ou pelos mares descobertos em lambidelas de istmos rochosos, conquistar saberes para os levar quando fizesse a grande viagem. Por fim, cansado, abriu uma caixa de lápis e bebeu todas as cores expostas. Encarou-se, temperado a dois tons de branco e negro. E percebeu que outros tons, outros olhares só noutro sitio, que aqui já soía.
TRUQUES

Aqui é onde os olhos se enganam. Onde tudo é pailletes, lantejoula, brilho e carmim. Onde os olhos parecem abertos e afinal estão pintados de cerrados. Onde o coelho branco é um lenço e a vista acha flores na mão do mágico, na varinha de condão que não passa de uma corda. Cobra. De ver tudo o que não é.
Ou é?
Truques que os olhos pregam...
PRIMAVERAS DO OLHAR

OLHAR O TEMPO
