SÓ VISTO

 



Mais sábio porque mais velho. Ou porque da vida mais embaciados os olhos se tornam pelo brilho que foi dando a outros, luz que tirou cegueira a uns quantos, farol que salvou naus em noites de intempérie e a água salgada que afogava era dele que lhe queimava o rosto, a língua, as palavras do que nunca há-de contar, uma mulher de negro a querer fechar o mundo.
E ainda assim, lembra o seu olhar de menino.
Tudo tão grande, tão belo, só visto, contado ninguém o acredita.

OUTONOS NO OLHAR

 


Das folhas do Outono enche-se o olhar nas melancolias do outrora e das bonomias do recente calor ainda agora tido ainda agora ido, além se acena à despedida, cristalina vista nas águas que lavam cidades e distanciam lonjuras no peito, beijos guardados no silêncio dos segredos como a terra que se adormece na estação.
 
 

COLORIR

 


Tudo o que quero é temperar a vida, multiplicar sorrisos e arquear os olhos em claves de sol até doer, colorir contornos debruados a negro e falar no som mudo do amo-te quando dizes a palavra impossível.