LUZES DO SENTIR

Determinei que hoje não te choro. Virei sim, como de todas as vezes, olhar o mar, deixar-me perder na sua imensidão, ver-me afogar nele e nada fazer para me recuperar das águas que me invadem a fala, o pensar, as memórias e as saudades.


Determinei que hoje não te choro. Virei sim, como de todas as vezes, acenar de lenço branco a naus de outros séculos que apenas conheço do contar e sem esforço, sentirei pimentas e canelas, cacaus e suores na despedida de todos os homens que invento para não me lembrar de ti.


Determinei que hoje não choro. Virei sim, como de todas as vezes, encostar-me ao silêncio e esperar. Virei, prometo. E nos meus olhos haverá farol.

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