SECO

Havía no seco do vermute o nó que não fazía descer o que te quería dizer e no entanto, quase me engasgava, não saía, quería pedir-te para ficares mas não quería que sentisses que eras importante para mim.

Ficámos alguns minutos neste contacto visual, a dar golinhos de passarinho mas era mais o vidro fino do copo que eu sentía a entrar-me na boca do que o liquido. Até a saliva desaparecera e sentía os lábios a engelhar-se, pensei em humedece-los com a ponta da lingua mas temi que pensasses outra coisa de mim.


E de repente os dois! Sim, os dois a falarmos ao mesmo tempo, um atropelo de palavras que nenhum de nós entendeu!

Ainda bem. Pela minha parte. Eu disse-te FICA. Acho que não o ouviste...
Ficámos a tomar o nosso vermute. Seco, muito seco.


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