Nem era tanto a cor marinha o que me perturbava. Tão pouco sentir-me asfixiar numa água muito diluída daquelas que se vê em postais de férias e que são retocadas à mão para o encanto ser maior. Talvez as pestanas, isso as pestanas muito negras no contraste da luz que saía dos olhos vivos, e baixavam rápido ou lentas e neste último movimento permanecíam, um slow motion lânguido e venenoso que me disparava o coração e me deixava aflita. Ou então eram as sobrancelhas, a esquerda levemente arqueada quase desavergonhadamente perguntava-me queres...
Eu quería, claro que quería mas nunca consegui dizer que quería, sentía-me enfeitiçada pela serpente, quase tinha medo de te olhar nos olhos e caír de roupa aberta para que me tomasses para ti.
Não eram tanto os olhares que cravavas nos meus... era a sedução do que eles me murmuravam.
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