Cerrou as pálpebras devagar. A luz ambarina dourava-lhe a pele, o cabelo, até mesmo os olhos fechados ao exterior e que agora numa intimidade suprema se abríam ao mundo a descobrir por dentro de si, colecções de lembranças e de outras coisas, tão novas que lhe aceleravam o coração na corrida para elas.
Cerrou as pálpebras devagar. Ficou tonta, até um pouco nauseada pelos sentires que lhe ruborizaram a tez, granadas, rubis, calores que lhe afrontaram lumes no desejo de a olharem. Viu-se. Era de ouro a sensação de leveza que a transportou a outro universo.
Cerrou as pálpebras devagar. Saboreou o tom de mel como dos deuses caído na ponta da lingua sobre segredos que se propagam à orelha do confidente. Atingiu-se, deixou-se segregar naquela luz macia de âmbar ou de ouro, tanto faz, é bela, é q.b.
Sonha.
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