OLHAR O TEMPO

Por vezes abría a janela do passado e deixava-se ficar a olhar para ele, muito calado, silencioso no temor de despertar recordações que lhe fizessem reviver amores perdidos e a saudade à solta o capturasse de novo.
De outras, sorría. Olhava-se menino, a achar-se grande no seu tamanho pelos sonhos que já trazía para um futuro que agora é passado. De soslaio mirou planos, quereres fazer, um dia faço, um dia sou, ainda hei-de conseguir...
Encostou as portadas devagar, fechou os olhos e sentiu-se só nesse mergulho no tempo.

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