A GRANDE VIAGEM

Quanto tempo havía passado? Só o conseguía medir pelos livros gastos sob os olhos da noite, atentos, pisados de tanta insistência em querer andar, saber, conhecer tudo o que conseguisse, viajar mundo fora sem o limte dos pés ou do horário de combóios atrasados.

Deixara-se envelhecer como o amarelo das folhas muito passadas pela ponta dos dedos, o fato a crescer-lhe no definhar do empate corpóreo. Afinal só precisava de se rechear de tudo aquilo que os seus olhos pudessem aprender nas passagens demoradas pelos desertos ou pelos mares descobertos em lambidelas de istmos rochosos, conquistar saberes para os levar quando fizesse a grande viagem. Por fim, cansado, abriu uma caixa de lápis e bebeu todas as cores expostas. Encarou-se, temperado a dois tons de branco e negro. E percebeu que outros tons, outros olhares só noutro sitio, que aqui já soía.

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