FOTOGRAFIA DE GRUPO


Um dia alguém há-de desencantar esta fotografia num fundo de gaveta com cheiro de naftalina entre papéis que pelo tempo perderam as letras na cor de quem os escreveu.
Tentarão decifrar rostos e dar-lhes identidade, gostos e manias, parentescos mais ou menos próximos com um tio louco ou um antepassado bizarro que se perdía nos tempos livres, pelo gozo da imagem capturada.
Farão troça das roupas, dos cabelos, da pose e a pergunta sobre a razão de tal fotografia será mote de conversa por algum tempo.
Mas não se lembrarão decerto, que aquele foi um fragmento do olhar de cada um dos figurantes, que todos de sorriso postado tinham um sentimento dentro do peito e que a alegria que exibem não faz a alegria de quem os vê agora.

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