Os olhos da madrugada descerraram-se muito devagar. Afinal doía sempre um bocadinho nascer todos os dias, era quase como tirar a pele lentamente, esfolar a noite.
Sentía-se fumegar a terra a brotar noutras vidas, um cortejo que acompanhava o ritual na nobreza do momento alongado. Logo de seguida um som de casca a estalar, era chegada a altura dela se espreguiçar na plenitude do seu acto.
Por vezes chorava, emocionava-se. Muitos acorríam a esses pingos cristalinos e mágicos que dobravam o tamanho das coisas, sabíam do instante, tão lentamente aparecía tão rápido se escapava à vista dos outros.
Logo, logo o dia substituiría a bela madrugada e desse relance poucos se recordaríam.
Sem comentários:
Enviar um comentário