NO COMMENTS

Nos segundos em que o olhar de estranhos se cruza, no dia-a-dia, pelas paragens da vida, na correría do combóio perdido, fica um rasto como uma pincelada na tela de um impressionista.
Não se entende o que aconteceu, por vezes um quase mal-estar, a direcção do pensamento sempre a voltar ao mesmo ponto de encontro...
Foi aqui que vi aquele olhar, foi aqui que me cruzei com um homem, com uma mulher de que não lembro o rosto mas sempre recordarei a faísca de nos termos visto, como se nos conhecessemos, como se nos tivéssemos esquecido de algum dia ter-lhe dito alguma coisa tão importante, tão importante que não podemos voltar a dizê-la.
No tempo incontado desses segundos há uma eternidade. Uma nebulosa vontade de corrermos para esses olhos e gritar que achávamos que os tinhamos perdido de vez.



Um olhar de estranhos cruza-se. O mundo mudou neste instante. Já não se lembram mais.

Sem comentários: