MEMÓRIA

 


Aparentemente nem prestara atenção. Observando, refira-se. Olhou, depois pestanejou humedecendo o claro da vista. Certamente não havia reparado. Ou melhor, nada ouvira. Que os olhos também ouvem e por vezes tão melhor que os ouvidos, tanto que respondem no imediato quando os lábios se apertam nas palavras silenciosas. Decerto não vira.
Pestanejou de novo. Depois fechou os olhos longamente.
Guardava o rosto com as palavras ditas. Tatuava-se no claro dos olhos de cada sílaba magoada. Chamou-lhe memória.