SEGREDOS



Olhou e viu.
E todas as imagens se imprimiram como letras de tipografia em papel muito branco, as letras muito negras, para que jamais se esquecessem da sua lembrança.
No título chamou-lhe segredo.
Arquivou as páginas junto a outras que já tinha e guardou-as na sua memória.
De quando em vez li-as na solidão da sua alma, vagarosamente, mas sentía o coração ora agitar-se furiosamente ora descompassar-se até parecer ficar sem ritmo e abandonar-se a um alto de carne.
E por todas as vezes que pestanejava era como se o olhar dos segredos lhe voltasse todo como a roda da tipografia a girar de novo e a imprimir as letras a negro em papel branco.
Por isso, resolveu achar um par de olhos que olhasse nos seus, a fundo e a quem pudesse contar os seus segredos.