VER PARA CONTAR

 


Perdão por olhar e sobretudo ver as coisas nas palavras e estas sempre a quererem dizer tanto quanto os olhos, mesmo quando se cerram por terem visto belo ou muito feio e não saberem como fazer pela dor sem explodir em verbo ou no grito e chorar sangue e sal que arda até cegar.
 
Perdão, só abri os olhos porque o sol nasceu e eu lembrei-me que um dia havía de ser bonito de ver para depois poder fazer uso das palavras que me crescem na boca e contar a alguém o que vi.
 
 

ALÉM



 
Nada sabem os que dizem que tu és pedra, metal, coisa morta. Há mais olhar em ti que muitos dos que andam e correm. Há mais além em ti do que os de olhos abertos nada veem, nada miram, nada choram quando o sol nasce, quando este se põe.
Tu tens o teu olhar de matéria nobre e ainda o do artista esculpido em ti.
Quantos mundos vês tu?
Conta-me e rasga os meus horizontes.